Segundo Fonseca
(2000), os componentes do sistema comunicacional estão sujeitos a
interferências, ruídos e silêncios que podem anular ou desvirtuar as decisões; são
as chamadas barreiras à comunicação a que Teixeira (1998: 167) se refere como “
todos aqueles impedimentos que podem ocorrer em qualquer fase do processo de
comunicação e que se traduzem num obstáculo à pretendida transmissão das ideias
e conhecimento”. Elas são motivo para que a eficácia da comunicação seja
reduzida, e, como diz Fonseca (1998: 189), podem levar à ocorrência de "incorrecções,
lacunas ou imprecisões na informação dada, ou sobrecarregá-la de tal modo que
tornam penosa a sua compreensão."
Segundo Teixeira
(1998) as barreiras podem classificar-se em três grandes grupos: as técnicas,
as de linguagem e as psicológicas.
As barreiras técnicas estão
relacionadas com “o tempo (oportunidade na comunicação), a sobre informação e
as diferenças culturais” (Teixeira, 1998: 167), as de linguagem com “ o
vocabulário usado e a semântica, ou seja, o significado das palavras” (idem)
enquanto que as psicológicas envolvem “várias formas de distorção das
informações” e afectam “o relacionamento entre as pessoas” (idem ibidem), o
que, para o mesmo autor, é um dos maiores entraves ao funcionamento da
comunicação nas organizações.
Pela análise de Fachada (2000), Teixeira (1998), Cardim (1990) e Donnelly
(2000), construímos o quadro seguinte, onde estão representadas as várias
barreiras à comunicação, divididas nos três grupos referidos.
Tabela : Barreiras à comunicação
Barreiras técnicas:
|
Barreiras de linguagem
|
Barreiras psicológicas
|
O tempo
Sobrecarga de comunicação
Ruído
Distância entre o emissor e o receptor
Espaço físico
O código usado
A diferença de culturas
Quadro de referência.
Papéis desempenhados por cada indivíduo na sociedade
Contexto
|
A complexidade da mensagem
O vocabulário
A possibilidade de diferentes significados
O “Jargão”
Quadro de referência
|
Filtragem da informação
Grau de confiança e abertura de espírito
Sentimentos
Preocupações
Stress
Tendência para ouvir o que se espera ouvir
Diferenças de percepção
Estado de fadiga
Desmotivação
|
Já Ferreira (2001) considera como significativas as barreiras semânticas,
físicas, perceptivas e culturais.
Para além destas barreiras há ainda, segundo Fachada (2000), quatro
factores que, ao agirem sobre o emissor e receptor, influenciam o seu
comportamento comunicativo, os objectivos da comunicação e a mensagem. São eles:
a habilidade na comunicação, as atitudes, o nível de conhecimento e o sistema
sócio-cultural.
Dentro da habilidade na comunicação, Fachada refere 5 habilidades
verbais: leitura, audição, escrita, palavra e raciocínio. Quer o emissor, quer o receptor,
têm que dominar estas habilidades e, quanto maior for esse domínio, maior será
a fidelidade da comunicação, pois menos erros ocorrerão na fase de codificação
e descodificação. No que se refere ao segundo factor indicado, Fachada (2000:
51) considera “a atitude como a predisposição do sujeito para …” e analisa-a
atendendo a três dimensões: a atitude para consigo próprio, a atitude para com
o assunto e a atitude para com o outro. No que se refere às atitudes para consigo
próprio significam “aquilo que o indivíduo pensa de si próprio, das suas
capacidades e o seu grau de auto-estima” e claro que estes aspectos são
importantes e determinam a forma como o indivíduo comunica. Por outro lado, a
atitude para com o assunto é importante, pois se o emissor não acredita no
assunto terá dificuldade em conseguir comunicar de forma a convencer os
receptores. Outro aspecto a ter em conta é a atitude do receptor para com o
emissor e vice-versa: se essa relação for negativa será mais difícil a
comunicação.
Para comunicar é necessário ter em conta que, como diz Fachada (2000: 51),
“não se pode comunicar aquilo que não se sabe”, mas saber muito também pode ser
um problema “se o receptor não dominar a linguagem através da qual é veiculada
a mensagem”, ou, como alertam Formosinho e Ferreira (2000:84-85) "o mesmo
conceito não significa a mesma coisa na boca de pessoas diferentes", pois,
como explicam os autores "que também está em causa a carga simbólica e
ideológica que é mobilizada pelas pessoas que os utilizam [os conceitos], em
função, por exemplo da sua posição social e profissional e da legitimidade que
possui no contexto específico da acção". Segundo Romero (1999:12) "el procesamiento subjetivo e incompleto de
la información juega un papel sustantivo en la toma de decisiones, lo mismo que
la ideología concebida como las percepciones subjetivas (modelos, teorías) que
toda la gente posee para explicar el mundo que la rodea".
Por fim, Fachada (2000: 52) refere-se ao nível sócio-cultural que influencia
quer o emissor, quer o receptor, referindo que “há valores, padrões e formas de
comunicação específicos dos diferentes grupos sociais”, logo, “pessoas de
diferentes classes sociais, comunicam de maneira diferente. Também Santiago (2000:35) refere
que os sistemas de valores "influenciam decisivamente a natureza e as
características da comunicação […] oferecendo uma matriz para a formação das
opiniões, juízos e comportamentos são os valores que conferem um sentido à
comunicação."
Extrato de :
A COMUNICAÇÃO DOCENTE NOS AGRUPAMENTOS DE VILA NOVA DE GAIA
A COMUNICAÇÃO DOCENTE NOS AGRUPAMENTOS DE VILA NOVA DE GAIA
Autor : Henrique Manuel Salgado Almeida
Dissertação apresentada à Universidade Católica Portuguesa para obtenção do grau de mestre em Ciências da Educação
- Especialização em Administração e Organização Escolar -
2005
2005
Sem comentários:
Enviar um comentário