sábado, 30 de novembro de 2013

Barreiras à comuicação

Segundo Fonseca (2000), os componentes do sistema comunicacional estão sujeitos a interferências, ruídos e silêncios que podem anular ou desvirtuar as decisões; são as chamadas barreiras à comunicação a que Teixeira (1998: 167) se refere como “ todos aqueles impedimentos que podem ocorrer em qualquer fase do processo de comunicação e que se traduzem num obstáculo à pretendida transmissão das ideias e conhecimento”. Elas são motivo para que a eficácia da comunicação seja reduzida, e, como diz Fonseca (1998: 189), podem levar à ocorrência de "incorrecções, lacunas ou imprecisões na informação dada, ou sobrecarregá-la de tal modo que tornam penosa a sua compreensão."
             Segundo Teixeira (1998) as barreiras podem classificar-se em três grandes grupos: as técnicas, as de linguagem e as psicológicas.
            As barreiras técnicas estão relacionadas com “o tempo (oportunidade na comunicação), a sobre informação e as diferenças culturais” (Teixeira, 1998: 167), as de linguagem com “ o vocabulário usado e a semântica, ou seja, o significado das palavras” (idem) enquanto que as psicológicas envolvem “várias formas de distorção das informações” e afectam “o relacionamento entre as pessoas” (idem ibidem), o que, para o mesmo autor, é um dos maiores entraves ao funcionamento da comunicação nas organizações.
Pela análise de Fachada (2000), Teixeira (1998), Cardim (1990) e Donnelly (2000), construímos o quadro seguinte, onde estão representadas as várias barreiras à comunicação, divididas nos três grupos referidos.

Tabela  : Barreiras à comunicação
Barreiras técnicas:
Barreiras de linguagem
Barreiras psicológicas
O tempo
Sobrecarga de comunicação
Ruído
Distância entre o emissor e o receptor
Espaço físico
O código usado
A diferença de culturas
Quadro de referência.
Papéis desempenhados por cada indivíduo na sociedade
Contexto
A complexidade da mensagem
O vocabulário
A possibilidade de diferentes significados
O “Jargão”
Quadro de referência

Filtragem da informação
Grau de confiança e abertura de espírito
Sentimentos
Preocupações
Stress
Tendência para ouvir o que se espera ouvir
Diferenças de percepção
Estado de fadiga
Desmotivação
                   
      
Já Ferreira (2001) considera como significativas as barreiras semânticas, físicas, perceptivas e culturais.
Para além destas barreiras há ainda, segundo Fachada (2000), quatro factores que, ao agirem sobre o emissor e receptor, influenciam o seu comportamento comunicativo, os objectivos da comunicação e a mensagem. São eles: a habilidade na comunicação, as atitudes, o nível de conhecimento e o sistema sócio-cultural.
Dentro da habilidade na comunicação, Fachada refere 5 habilidades verbais: leitura, audição,  escrita,  palavra e  raciocínio. Quer o emissor, quer o receptor, têm que dominar estas habilidades e, quanto maior for esse domínio, maior será a fidelidade da comunicação, pois menos erros ocorrerão na fase de codificação e descodificação. No que se refere ao segundo factor indicado, Fachada (2000: 51) considera “a atitude como a predisposição do sujeito para …” e analisa-a atendendo a três dimensões: a atitude para consigo próprio, a atitude para com o assunto e a atitude para com o outro. No que se refere às atitudes para consigo próprio significam “aquilo que o indivíduo pensa de si próprio, das suas capacidades e o seu grau de auto-estima” e claro que estes aspectos são importantes e determinam a forma como o indivíduo comunica. Por outro lado, a atitude para com o assunto é importante, pois se o emissor não acredita no assunto terá dificuldade em conseguir comunicar de forma a convencer os receptores. Outro aspecto a ter em conta é a atitude do receptor para com o emissor e vice-versa: se essa relação for negativa será mais difícil a comunicação.
Para comunicar é necessário ter em conta que, como diz Fachada (2000: 51), “não se pode comunicar aquilo que não se sabe”, mas saber muito também pode ser um problema “se o receptor não dominar a linguagem através da qual é veiculada a mensagem”, ou, como alertam Formosinho e Ferreira (2000:84-85) "o mesmo conceito não significa a mesma coisa na boca de pessoas diferentes", pois, como explicam os autores "que também está em causa a carga simbólica e ideológica que é mobilizada pelas pessoas que os utilizam [os conceitos], em função, por exemplo da sua posição social e profissional e da legitimidade que possui no contexto específico da acção". Segundo Romero (1999:12) "el procesamiento subjetivo e incompleto de la información juega un papel sustantivo en la toma de decisiones, lo mismo que la ideología concebida como las percepciones subjetivas (modelos, teorías) que toda la gente posee para explicar el mundo que la rodea".
Por fim, Fachada (2000: 52) refere-se ao nível sócio-cultural que influencia quer o emissor, quer o receptor, referindo que “há valores, padrões e formas de comunicação específicos dos diferentes grupos sociais”, logo, “pessoas de diferentes classes sociais, comunicam de maneira diferente. Também Santiago (2000:35) refere que os sistemas de valores "influenciam decisivamente a natureza e as características da comunicação […] oferecendo uma matriz para a formação das opiniões, juízos e comportamentos são os valores que conferem um sentido à comunicação."

            
Extrato de :
A COMUNICAÇÃO DOCENTE NOS AGRUPAMENTOS DE VILA NOVA DE GAIA
Autor : Henrique Manuel Salgado Almeida
Dissertação apresentada à Universidade Católica Portuguesa para obtenção do grau de mestre em Ciências da Educação
 - Especialização em  ­­­­­­­­­­­­Administração e Organização Escolar -
2005

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