No mundo de hoje a quantidade de dados que nos rodeiam é
astronómica. Recebemos dados pelos mais diversos meios e nós próprios geramos
dados constantemente. A grande maioria desses dados não é armazenada, isto
porque mesmo com os novos sistemas tecnológicos seria impensável armazenar todos
os dados produzidos.
Este facto leva-nos a uma primeira reflexão que tem a ver
com o que podemos perder com o não armazenamento de grande parte dos dados e
sendo um fenómeno incontornável como podemos diminuir as perdas.
São pergunta que não tem resposta fácil.
O termo “dados” refere-se factos discretos e objectivos
que representam atributos qualitativos ou quantitativos de uma variável ou conjunto
de variáveis. Devenport e Prusak (1998) falam dos dados atendendo a uma
perspectivava organizacional e referem-nos como registos estruturados de
transacções. Os dados são vistos como o menor nível de abstracção a partir do
qual se gera a informação e o conhecimento. São essenciais para a tomada de
decisão no entanto são representações parciais dos factos, não têm significado
por si sós, pois não conduzem à compreensão dos factos ou situações e
convertem-se em informação, quando são introduzidos numa estrutura de
informação já adquirida (Steven Alter; 1992). Por outras palavras podemos dizer
que os dados transformam-se em informação, quando o seu criador lhes junta
significado (Davenport e Prusak, 1998)
Assim sendo os dados assumem-se como aspectos claros,
concisos, capazes de serem registados e armazenados. Por outro lado os dados
por si só não tem significado e para motivarem uma acção é necessário, que no
mínimo, se transformem em informação.
Caldeira refere que
a “credibilização das fontes de informação é um factor crítico de sucesso” e
essa credibilização terá que passar pelas características que exigimos aos
dados que recolhemos (Maganete, 2010):
·
Verdadeiros;
·
Fiáveis;
·
Verificáveis;
·
Simples;
·
Justificáveis;
·
Organizáveis;
·
Isentos de subjectividade.
Em primeiro lugar só nos interessam dados verdadeiros,
isto é certos (indubitáveis) e seguros (inabaláveis). Para podermos trabalhador
com os dados temos que ter a certeza de que eles são verdadeiros. Qualquer
dúvida neste aspecto conduzirá a uma perda de tempo e trabalho ou então a
chegarmos a conclusões falsas e a tomarmos decisões que para além de erradas
podem sair muito caras à organização.
Por vezes não foram recolhidos e registados pela mesma
pessoa que precisa deles, neste caso temos que fazer uma apreciação sobre a
fiabilidade, credibilidade dos mesmos. Há muitos factores que podem afectar
essa credibilidade, por exemplo se o indivíduo que os recolheu teve que fazer a
recolha sobre pressão, se tem interesse nesses dados, se teve tempo para
proceder ao registo e podem ocorrer erros quer de recolha quer de registo.
Outro factor que pode conduzir a erros está relacionada com as bases que foram
usadas para encontrar esses dados. Um exemplo de maior probabilidade de erro
ocorre se a recolha se basear em textos manuscritos (ex. actas) ou documentos
antigos em que os registos obedeçam a critérios diferentes. No caso dos dados
qualitativos, caso seja necessário fazer uma extrapolação para uma escala é
preciso ter em consideração se a quando da elaboração dos documentos a escala
utilizada foi a mesma que estamos a utilizar no momento, na verdade já não
estamos a falar de dados puros mas muitas vezes atendendo à quantidade de dados
é necessário proceder a essas extrapolações.
Um dado tem que ser passível de ser verificável em
qualquer momento. Deve haver mesmo um meio expedito de periodicamente fazer uma
monitorização ou avaliação dos erros para detectar possibilidades de melhoria e
correcção.
É importante que os dados sejam de fácil interpretação,
não sejam compostos mas sim puros e claros. Só assim é possível fazer o seu
tratamento com o mínimo de subjectividade.
Também é importante que sejam justificáveis, isto é, que
sejam fundamentáveis. A forma de fundamentar os dados varia com os mesmos - há
dados que poderão ser fundamentados em documentos escritos devidamente
autenticados, enquanto outros se apoiam em documentos não autenticados, e
outros ainda em reuniões que não foram documentadas, em conversas presenciais
ou telefónicas, em emails, informações obtidas a partir das páginas da
internet, ou de jornais, revistas, livros, conversas de café. Ainda há aqueles
que provém de inquéritos e entrevistas. É claro que cada uma das fontes não
merece a mesma fiabilidade.
Para a organização é essencial que os dados sejam
organizáveis. Pouco vale existirem milhões de dados se não houver uma forma de
os organizar de modo a obter informação. Imaginem um dirigente envolvido em
dados. A situação mais caricata é aquela que muitas vezes se usa para
evidenciar a burocracia, o dirigente sentado numa secretária com várias pilhas
de papéis com dados provenientes dos mais diversos sectores e contextos. O
decisor pretende tomar uma decisão sobre um assunto muito concreto. A
possibilidade de todos esses dados serem importantes para a decisão é mínima.
Haverá aqueles que tem muitíssima importância, os que têm muita, outros alguma
e a maioria nenhuma. Aqui o dirigente terá que conseguir diferenciar os dados
verdadeiramente importantes para depois os analisar e transformar em informação
pertinente para a decisão. Neste processo poderá perder-se algum valor mas é
imperioso que ele ocorra pois só assim a decisão poderá ser tomada em tempo
útil e com um nível aceitável de custo.
Já atrás falamos que há dados que podem provir de variados
meios e muitos destes poderão pôr em causa a objectividade da informação.
Trabalhar com dados que à partida não se tem a certeza de serem objectivos
transforma-se rapidamente num grande problema. Os dados subjectivos são
relativos ao sujeito que os produz, podemos dizer que muitas vezes as conversas
geram grande número desses dados, e deverão ser tratados com o máximo cuidado
de forma a serem verificados através de outras fontes. Se possível validados
com outros que com eles estejam relacionados. É comum retermos dados que nos
são comunicados em frases como “ cerca de …”, “aproximadamente…”, “não tenho
bem a certeza mas não anda longe de …”. Nestes casos devemos usar do máximo de
prudência na sua utilização e se possível utilizar outras fontes para os
conferir.
Para além destes factores há outros que podem pôr em causa
a qualidade dos dados.
Um dos que mais nos devem preocupar é a segurança quer em
termos de acesso, com possibilidade de modificação quer em termos de manutenção
em arquivo.
No caso do acesso é necessário ter um controlo total e de
quem tem acesso a quê e em que momento. A situação da manutenção em arquivo,
hoje, pode levantar alguns problemas se a organização não estiver preparada com
servidores que estejam programados para fazer a cópia de segurança diária da
informação e se não houver o cuidado de fazer manutenção periódica aos equipamentos.
Apesar de vivermos numa sociedade em que pensamos que tudo é fiável a 100% na
realidade não há nada que tenha essa taxa de fiabilidade. Outros dos problemas
é muitas vezes a informação estar dispersa por vários computadores de que não
há cópias de segurança. A danificação de um dos discos poderá tornar irrecuperáveis
os dados neles existentes.
No caso das organizações em que a armazenagem dos dados é
feita em papel a situação não é muito diferente. Para além de esse tipo de
arquivo exigir uma quantidade de espaço bastante grande para que a conservação
se faça em condições terá que existir uma atmosfera controlada assim como um
controlo permanente de pragas que possam atacar o papel, assim como cuidado com
o manuseamento dos mesmos.
Mas os dados são apenas o início de um processo.
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