domingo, 1 de dezembro de 2013

Conhecimento tácito

O conhecimento tácito é o que existe na cabeça das pessoas,"não é facilmente visível e explicável" (Nonaka, 2008)  ganho através da experiência que cada um adquiriu ao longo da vida. Estamos a falar de um conhecimento muito pessoal que é fruto de uma longa experiência, não codificado e por isso mesmo de difícil captação e transmissão.
Numa breve pesquisa pode-se encontrar as seguintes características para este tipo de conhecimento:

  • pessoal
  • difícil de ser codificado 
  • derivado da experiência
  • derivado da convivência
  • de transmissão difícil / complexa
  • necessita de interacções prolongadas acertos e erros
  • tende a ser tácito, físico e subjectivo
  • inconsciente
  • complexo
  • insights e intuição estão nesta categoria de conhecimento
  • é interiorizado e desenvolvido por um conhecedor
  • muito ligado ao modo de agir do possuidor
  • pode descrever habilidades informais
  • pode abranger modelos mentais
  • crença
  • percepções
  • quem o possui, normalmente, não tem consciência disso.
  • diz respeito “à bagagem” de cada um
  • conhecimento vivenciado
  • é dinâmico
  • específico ao contexto 
  • relacionado com a ação humana 
  • difícil de comunicar 

Um exemplo que nos possibilita entender este tipo de conhecimento é o do oleiro que conhece toda a técnica para os produzir os objectos de barro, mas para além dessa técnica utiliza conhecimentos que dificilmente consegue transmitir e que transformam o seu trabalho em algo único.
 A parte do conhecimento que pode ser transposta para um livro, por exemplo a velocidade de rotação da roda, a humidade relativa dos matérias que usa, a temperatura de cozedura, a posição das mãos e braços no momento de construir a peça … faz parte do conhecimento especificável,  no entanto o produto final desse artista é algo divino que dificilmente é repetível, que deriva, essencialmente, do conhecimento tácito não especificável que o oleiro tem e é único para cada indivíduo. Provavelmente nem o oleiro sabe que possui esse conhecimento. 




Parte desse conhecimento poderá ser transmitido pela socialização isto é partilha, interacção, observação, imitação, contacto directo, convivência do oleiro a trabalhar mas mesmo assim há uma parte que muito dificilmente será transmitida.
Um exemplo dessa dificuldade na transmissão do conhecimento tácito é evidenciado pelo formador / professor que sendo um pintor famoso não consegue criar “génios da pintura” iguais a ele.  
No entanto, em termos organizacionais, é imprescindível que ocorra a transformação do conhecimento tácito em especificável, para isso é necessário que ocorra externalização que não é mais do que a passagem desse conhecimento para uma base partilhável.


É importante entender que todos possuímos esse tipo de conhecimento,  provavelmente já sentimos que quando discutimos com um colega e lhe tentamos incutir a nossa visão somos surpreendidos por aspectos que incluímos no nosso conhecimento e que nos levam a reformular parte do mesmo. Essas novas “ideias” ficam retidas e vão noutro momento associar-se a outras que possuímos e reformular as ideias base ou mais superficiais das teorias que pretendíamos transmitir.




Quando colocados em contato ocorre socialização.



Segundo Nokata a socialiação é um dos quatro modos de conversão do conhecimento ( os outros são a externalização, a combinação e e internalização de que falaremos noutro poste). A socialização ocorre entre indivíduos  que compartilham conhecimento  através da experiência. Atendendo a que o conhecimento é criado pelos indivíduos este pode ser considerado o método indutor de todo o conhecimento no entanto se pensado isoladamente "é uma forma bastante limitada  de criação do conhecimento" pois "não pode ser facilmente alavancado pela organização como um todo" ( Nokata, 2008 ). 


A socialização modifica os indivíduos que partilham o conhecimento.




Mesmo que um dos indivíduos não possua conhecimentos na área a simples reacção à “exposição” que o outro faz pode ser suficiente para que o primeiro modifique o seu conhecimento.
Quando valorizamos o conhecimento tácito e a socialização estamos a valorizar cada um dos empregados que trabalham na organização e a transforma-los em motores da inovação. A valorização deste acontecimento passa pela sua disponibilização a todos o que permite que cada um dê um contributo para a melhoria da organização. Mas a socialização não é um processo tão simples como permitir que as pessoa se juntem ou junta-las. Sendo, o conhecimento tácito, altamente pessoal é necessário que os indivíduos estejam motivados para o partilhar, estejam disponíveis e considerem que a troca ou partilha lhe traz algum benefício.
A ênfase no conhecimento tácito pode no entanto, segundo Nokata, ser perigosa devido ao perigo de superadaptação aos sucessos passados e pela armadilha do raciocínio de grupo. 





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